Gratidão infame

Ah, minha vida entorpecida

Meus segredos furtados, meu coração dilacerado.

Despenco em lágrimas e sorrisos mútuos,

Despenco nos teus ombros,

Nos teus olhos, nos teus sonhos.

Lembro dos nuances mais tolos,

Das desavenças incompreensíveis,

Até de palavras soltas sem significados.

Olho pro espelho,

Nada mais que vidro... E o meu refletir,

Nada mais que eu, ali, presa,

Do mesmo jeito que um dia estive presa a você,

A vocês, a mim.

Agradeço pela vida que outrora me fez sorrir,

Lamento pela vida que outrora me fez chorar.

Agradeço o lamento, e lamento a tua gratidão.

Mas de qualquer jeito, Obrigada.

Agora tentarei sorrir

E então, mostrar-lhe-ei minha face,

Mas só uma delas,

Luzindo uma falsa capacidade de ser feliz.

Alessandra

Jogo de palavras


21 de maio: Dia da Língua Nacional

Sou meio suspeita a falar da língua portuguesa por não precisar esconder minha paixão por esse idioma, ou melhor dizendo: pela comunicação. Existem datas comemorativas que não servem para muita coisa, e você deve estar pensando que essa é uma delas. Discordo, aliás. A linguagem é algo tão comum no nosso dia-a-dia que não notamos o quanto ela é importante e nem o quanto é bela e rica.

O português, 6º língua mais falada no mundo, é riquíssimo não só em “bobagens gramaticais”, mas em oportunidades para expressarmo-nos, desse jeito é ela um dos nossos principais meios de comunicação.

Cada palavra é diferente de outra, cada uma tem uma peculiaridade, uma força única. Explica-se minha paixão? Foi com essa língua romântica que disse minha primeira palavra, são com elas que desabafo, exponho minhas ideias... Será que são mesmo “só palavras”?

Muitos dizem que palavras sem atos não valem de nada. Até certo ponto concordo, mas em outra perspectiva definitivamente não defendo isso. As verdadeiras palavras são mais do que símbolos lexicais, são na verdade o modo que encontramos de tirar de nosso cérebro nossos pensamentos, do coração nossos sentimentos e pela boca exprimi-los. Palavras que são só palavras, são, na verdade, apenas rabiscos que nada significam, já que não tem fundamento real, já que não vem do cérebro, do coração, ou seja lá de qual parte do corpo que você queira.

Não diga que não gosta da Língua Portuguesa. Não diga que ela tem “regras inúteis” ou “pra que eu preciso saber que não se acentua as paroxítonas terminadas em a”. Às vezes é difícil entender a complexidade de uma coisa corriqueira, mas pare um momento e imagine se você não pudesse de comunicar.

"Uma palavra bem pronunciada pode economizar não só cem palavras, mas também cem pensamentos." (Henri Poincaré)

Alessandra

Me faz falta


Sinto falta dos olhares cinematográficos, dos olhos mirando o além, da observação da simplicidade. Sinto falta da inocência da criança com seus olhares, seu foco simplório e medíocre do mundo, sua análise a partir de uma realidade banhada de sonhos e realizações. Sinto falta de abrir meus olhos.

Sinto falta do cheiro da minha infância, dos aromas do primeiro enamorado, dos olores da grama em um breve feriado, da fragrância que ambientava minha primeira escola, de qualquer perfume que invade minhas narinas quando, por um instante, eu decido desligar-me do mundo. Sinto falta da inspiração.

Sinto falta, não nego, de ter uma joaninha em mãos, de tatear o veludo como se fosse um pedaço do céu, de sentir a água escorrendo pelo meu corpo, notar uma mão sobre o meu ombro, um aperto em mãos calejadas. Um beijo sobre minha face. Sinto falta de sentir.

Sinto falta dos sabores mais exóticos, os venenos mais atraentes, o sabor das tuas palavras incandescentes. Falta-me doces e salgados, o prazer de apreciar um fruto. Sinto falta de provar.

Ah, e dos gritos? Também me faltam, mas não gritos de agonia. Faltam-me gritos de sucesso, palavras sinceras que transmitam algo bom, vozes reais que dizem que está tudo bem, tudo bem. Necessito de músicas que me acalmem, me conduzam. Sinto falta de reconhecer a suavidade dos acordes da vida.

Ou é isso ou eu prefiro entender sobre armas, mortes, xingamentos, ofensas. Ou opto pelo fim, o fim real, o fim que está aqui, a menos de um palmo da nossa realidade. O nosso fim, em que os sentidos não se justificarão por si só mais, em que o beijo é ignóbil, o amor é repugnante e eu, ah eu... Não mereço palavras, assim como você também não as merece, elogios ou insultos vagos, alicerces desprezíveis, humanos.

Hoje eu só quero perder o meu sexto sentido.


Alessandra

O mal do nosso século


Qual seria o nosso principal problema? O comportamento que move a humanidade no século XXI? Pensando sobre isso cheguei a uma simplória conclusão: Temos a necessidade de afirmações, buscamos no material aquilo que sentimos falta, são aos bens capitalistas que apelamos pra preencher uma lacuna extremamente pessoal.

Carência. Carência de atenção do mundo e tentamos supri-la com tantas coisas fúteis e estúpidas... Sejam calças e unhas coloridas a fim de obterem uma matéria televisiva com intitulação “a nova moda teen”, comprar uma mansão caríssima para adquirir status, ou forjar uma depressão... Seja qual for a forma, percebemos que os reais problemas mundiais são bem mais complexos que essa privação humana.

Violência (ao seu semelhante, a natureza, a si mesmo, etc.), fome, guerras e guerras... Mas somos egocêntricos e precisamos de atenção. Precisamos aparecer em rede nacional e falar “um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pro meu cachorro, [...]”. O mal do século é, basicamente, a necessidade de coisas inúteis: consumismo exacerbado, meios de gritar “Ei, estou aqui, me filma!”, mesmo que pra isso utilizemos de meios imorais, como assassinatos. Superar isso é, sinceramente, mais difícil do que parece.

"A felicidade é uma estação intermediária entre a carência e o excesso" Henrik Ibsen

Alessandra

Um brinde a hipocrisia, as apologias e ao rancor


"Sexo verbal
Não faz meu estilo
Palavras são erros
E os erros são seus...
Não quero lembrar
Que eu erro também
Um dia pretendo
Tentar descobrir
Porque é mais forte
Quem sabe mentir
Não quero lembrar
Que eu minto também..."
Eu sei – Legião Urbana

Boa noite a todos e a cada um...

Após presenciar alguns acontecimentos, ler alguns textos na internet e buscar estudos referentes à hipocrisia humana, decidi colocar em palavras algumas objeções a respeito.
Pois bem, inicialmente procurei a raiz da palavra a fim de descobrir seu real significado, e compartilhá-lo-ei com vocês.
Hipocrisia: “ato de esconder os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade” (mini-Houaiss – Dicionário da Língua Portuguesa – 3ª edição).
Etimologia: deriva-se do grego – hupokrisía,as; hupókrisis,eós. (tal vocábulo era basicamente empregado para designar a teatralidade, ou seja, o fingimento que o ator apresenta a partir do momento que ele está interpretando um papel).

O comportamento das pessoas perante diversas situações utilizam desse conceito, por mais que seja instintivamente, digamos. Ou seja, a pessoa mais sincera ainda está se adequando aos parâmetros sociais impostos; logo, por que não é um fingimento visto que muitas vezes ela é oprimida? Mas o problema é que é notável que o hipócrita julga, certas vezes, suas atitudes totalmente corretas, incontestáveis. E não o são.
Já fui chamada de cética e comumentemente de inflexível. É, o sou. Mas hoje ouvi algumas coisas que me fizeram pensar e por incrível que parece mudar alguns pequenos pontos de pensamentos. Porque a nossa máscara de “homens ideais” está presa a nossa face com tanta força? Porque é tão difícil desprendê-la e mostrar que ali embaixo existem coisas surpreendentes: erros. Admitir isso é tão bobo mas ao mesmo tempo tão desgastante.
Sempre acreditei que os problemas estavam não apenas no coletivo, mas nas individualidades, ou seja: em você, em mim e em cada pessoa. Não gosto de coletivos, desculpe-me. “Todos” não são iguais. Porque ao invés de pensarmos “os cidadãos devem mudar seu comportamento perante a natureza”, por que eu não mudo e paro de falar? Falar mal de quem desperdiça litros de água não adianta muito, ofensas não levam a lugar algum, ou melhor, leva para o pior deles – algo que suponho estar um pouco abaixo da mediocridade (e nesse caso mediocridade não no sentido de mediano, mas no pejorativo mesmo). Não direi que muitas vezes não me rebaixo a esse nível.
Olhe para si mesmo e mude o seu jeito de ser, não espere dos outros aquilo que você tem certeza que não retornará, não pense em reciprocidade em um ambiente como o que vivemos.
Com o tempo aprendemos e hoje aprendi que não adianta muito dizer “o inferno são os outros” (Jean-Paul Sartre), porque o inferno é o que fazemos dos nossos pensamentos e como os aplicamos na nossa vida, o inferno é você, sou eu. Um inferno particular mas não totalmente descartável, já que ao unirmos todos criamos esse mundo... Criamos isso.
(Há anos perdi a confiança na humanidade, há anos passei a ver as coisas com uma frieza espantosa, mas ela queima tanto quanto se fosse o contrário. E note que frieza não é indiferença. Mas ainda tenho um fio de esperança na minha sanidade...)
Vamos parar de vestir mantos aveludados com fios de ouro e mostrar que por baixo estamos despidos e muitas vezes machucados. Eu não quero fingimentos. Eu não quero encenações. É fácil criticar e é difícil agir assim como é fácil falar. Redimo-me ao ter agido muitas vezes por impulso e um rancor momentâneo ter se prolongado desnecessariamente. Porém, há também o que é necessário, há também o inferno alheio.
Desculpe-me, não é por isso que pretendo esquecer o que é respeito.
Mudança de postura em uma relação não é tão complicado, dependendo. É estupidamente mais fácil do que recomeçar do zero. Eu aprendi a mudar o meu, e acredite: Não é tão difícil. É só não sermos megalomaníacos.

Nota a minha realidade: Não justifico comportamentos de ambas as partes, mas a hipocrisia domina alguns comentários. E condeno algumas atitudes também, pode falar que é isso é imoral, pois eu não acho.

“Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.”
Confúcio


Alessandra

Apresentação



Apresentações não são lá o meu forte...

Há alguns dias eu tenho pensado em criar um Blog, e resolvi colocar isso em prática. Só mais um Blog, certo? O que lhe fará lê-lo? Provavelmente nada... Dentre incontáveis blogs existentes, o diferencial aqui não tende a ser tão surpreendente. Os motivos são simples: pensamentos não agradam, sobretudo os que tem nexos, se é que me entende. Pitadas de sarcasmo, ofensas educadas e um cérebro também não são lá tão atraentes.
Já deve ter dado pra perceber que não pretendo conter palavras ou ser eufemista quando quiser expressar o que penso, certo?
Pensei em um Blog não tão carregado, com cores claras e visualmente atraentes, uma linguagem infantil e purpurina pelo ar, mas hipocrisia não é lá uma das minhas características. Portanto, enchê-lo-ei de ideias, sãs e fantasiosas, brincadeiras, sérias e medíocres. De modo geral um pouco mais do que você esperaria de uma humana que não atingiu a maioridade ainda.
É bom explicitar logo: Eu tenho necessidade de escrever, e o faço em demasia. Não culpe-me. E perdão se usar alguma palavra que desconheça.
Não garanto, aliás, que entenderas tudo que eu direi aqui. Nem eu me entendo muitas vezes. Esteja a vontade para contestar-me. Gosto disso. Mas tenha limites porque dificilmente eu mudo de opinião e a minha inflexibilidade é mais marcante do que você imagina, talvez um pouco mais que os meus outros defeitos que, acredite, não são poucos.
Não quero assustar ninguém que se depara com esse singelo espaço cibernético, mas também não gosto muito de omissões e mentiras.
De qualquer maneira, sejam benvindos de verdade!

Sobre o nome do Blog: Nexos em devaneios e, agora percebi a pseudo-cacofonia formada ai, então digo-lhe: Não, não é nexo sem devaneios.
Quimeras reais... O meu mundo. Um dia você entende. Ou talvez não.


Obrigada, pessoas, espero que apreciem esse meu nada pessoal.

"Uma vida não questionada não merece ser vivida"
Platão

Alessandra