Uma lágrima composta de alegrias

Porque o ser humano é tão complexo? Um paradoxo que ama e odeia ali, no mesmo momento. Somos na verdade apenas uma réplica de um arco íris, que resolveu unir o que é sorriso com o que é pranto, a perspicácia da chuva com a idolatria do sol...

A princípio parece apenas uma gota que precisa delicadamente percorrer nossa face, apenas um respingo que leva consigo vários pensamentos, sofrimentos e emoções. É essa a grande simplicidade de uma lágrima. É através dela que falamos o que somos incapazes de proferir verbalmente, talvez por falta de coragem ou somente por não encontrar como se expressar.

Então choramos.

Cada um de um modo, chorando silenciosa ou freneticamente, chorar de felicidade ou de tristeza, de dor física ou psicológica. Dependendo da situação a lágrima vem, sem mais nem menos, e ao notarmos, estamos com os olhos encharcados do que pode ser o banho da nossa alma ou o nosso morrer afogado. Talvez por uma perda, uma conquista, uma revolta... Os olhos estão ali, fadados a ceder ao mundo a água por ele benta.

Mas a complexidade dessas lamúrias pode ser maior do que cogitamos. Ela pode, ao escorrer, ser delicada por levar consigo apenas ocasiões fáceis, são essas as lágrimas injustificáveis, lágrimas tolas. Mas podem também ser pesadas, dolorosas, torturantes, são essas que trazem o martírio das mais tristes e infames causas, significam, do modo mais enfadonho possível, as lágrimas que carregam toda a tristeza do sofredor, tristeza essa acumulada por toda a sua vida, são lágrimas verdadeiras.

Mas para tudo isso há o sorriso, sorriso esse que rejuvenesce, que oferece vida a mais moribunda das criaturas, sorriso esse que glorifica e faz tudo valer a pena. Basta um sorriso vindo da nossa melhor parte (e não apenas dos lábios) para que saibamos o quanto é bom estar aqui, nesse momento, e que o passado é apenas esfumaçadas páginas que ambicionam o presente, mas no presente, ah, o meu presente, eu decido sorrir, para assim, amanhã, eu ter alegria me rondando, e meu sorriso estará carregado desse passado tão conveniente.

Então escolhemos sorrir.

Assim, serei uma simples mistura de mim mesmo... Alegrias e tristezas, turbulências e calmarias, apego e ignorância, entre mim e você e resolvemos seguir a vida, sem entendê-la, mas usufruindo de todos os extremos que podemos: da felicidade repentina a desilusão, dos melhores sonhos e ao acordar, os piores pesadelos. Talvez queiramos jogar sobre as nossas hipérboles um manto para secar nossas tristezas e assim, termos o direito pleno de falar “Eu? Eu sou totalmente feliz”.

Se puder escolher, sorria, se o pranto lava a alma, o sorriso a mantém limpa, se puder escolher, escolha sorrir nos momentos mais difíceis e então perceba o que significa a felicidade, não a felicidade plena, pois essa é utópica, mas a felicidade pura, aquela que oferece-lhe o direito de chorar durante anos e depois sorrir como se nada tivesse ocorrido.


"A felicidade consiste em preparar o futuro, pensando no presente e esquecendo o passado se foi triste." (John Ruskin)

Alessandra


Nuances verde, amarelo e... preto.


Ultimamente, devido a Copa do Mundo, vivenciamos um Patriotismo que não é característico do brasileiro, mas então, até onde isso vai?

Brasil, um dos mais desenvolvidos países da América do Sul é responsável por envergonhar boa parte de seus cidadãos, mas a recíproca é verdadeira. Falta de infra-estrutura básica, educação, saneamento, corrupção, analfabetismo, pobreza em excesso são apenas alguns dos problemas mais eminentes nesse país. Mas, quem mudará isso, se não nós, típicos brasileiros?

Procurando algumas coisas pela internet, deparei-me com comunidades de uma ignorância invejável, algo tão, mas tão estúpido que minha repugnância foi ao auge, sobretudo ao descobrir que existe um movimento para a extinção da Língua Portuguesa (M.E.L.P.). O fato de alguns não saberem diferenciar “mas” de “mais” não é culpa da língua e nem por isso devermos extingui-la e falarmos inglês, por que, ah, o inglês sim é uma boa língua. Pro inferno. Uma das línguas mais ricas é a nossa, e para os que afirmam que “só o Brasil e Portugal falam essa lingüinha de ‘merda’”, informem-se já que essa é a quinta língua mais falada do mundo... Mas desculpem-me, não dá manter uma conversa respeitosa com alguém que escreve “braziu”, ou algo assim e seus melhores argumentos me fazem rir.

Nas comunidades relacionadas, encontro outras como “Desprezo a cultura brasileira” ou algo que se assemelha a “odiadores da MPB”. É claro que ninguém é obrigado a ter o mesmo gosto que eu, mas calma lá, como alguém tem coragem de dizer que tudo que foi composto na Bossa Nova foi “devido a bêbados analfabetos que quiseram compor sobre praia”, é claro que traduzi para o Português compreensível, já que nesses dialetos desprezíveis eu sou, ainda bem, analfabeta.

Sabe, meu nacionalismo bate em diversas barreiras que, aí sim, sou obrigada a concordar com esses... É, com esses. Carnaval, funk carioca, micareta e essas coisas, tudo bem, vocês têm razão, mas não abram a boca para falar da “subliteratura vulgar e pretensiosa”, do “folclore pobre” ou dos “filmes toscos”. Para se criticar algo, é preciso ao menos conhecer superficialmente, e pelo pouco que li escrito por vocês, julgo difícil terem passado da pré-escola com honestidade. Ah, e fico feliz de ter gente que pense igual a mim, e a essa ter valido ofensas como “nerds nacionalistas”, ofensas, aham.

A esses que pretendem ficar sentados em frente a um computador mostrando para o mundo inteiro seu analfabetismo e sua ignorância, podem ir embora dessa terra, é o que o Brasil menos precisa. Agora, àqueles que criticam o país a fim de melhorá-lo, minha real admiração. É fácil falar que tudo é uma imundície nesse país, mas é difícil olhar para si mesmo e perceber que você não deu conta nem de aprender a matéria da 2ª série e teve que colar para passar de ano e hoje ainda orgulha-se em falar sobre a péssima educação no país ou a falta de honestidade presente em “todos”. Meus pêsames.

Aliás, um brinde a alienação que dita os valores dos países desenvolvidos como os corretos e indiscutíveis, os admiro pra caramba.

“O Brasil está em nossas mãos, e não adianta lavar!” (Rogério Silvério de Farias)

Alessandra